[...] Cada mudança, cada projeto novo causa espanto:meu coração está espantado.
É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue"
(Um sopro de vida)
Clarice Lispector
Eu vi quando você me viu
Seus olhos pousaram nos meus
Num arrepio sutil
Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou pra dançar
Sem nunca sair do lugar
Sem botar os pés no chão
Sem música pra acompanhar
Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu
Eu vi quando você me viu
Seus olhos buscaram nos meus
O mesmo pecado febril
Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou todo o ar
Pra que eu pudesse respirar
Eu sei que ninguém percebeu
Foi só você e eu.
(Cláudio Lins)
É impossível não sentir.
Ela faz chorar.
E também sorrir.
Ela não depende de tempo.
De idade.
Ela é uma viagem ao passado que desperta uma imensa vontade de viver o presente. Afinal, como será o futuro sem ela?
Ela se escreve apenas em português, mas se compreende em todo planeta.
Não escolhe cor, nem religião.
Ela só bate em quem tem coração. E por mais que se fale, ninguém, nunca, vai conseguir definir exatamente o que ela é.
Porque não se explica.
Saudade, se sente.”
(Agência Pandora)
"Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas as certezas.
Os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios, outra razão.
Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos.
A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia.
Nesta fé, fugitiva, eu creio.
Para mim, é a única fé digna de confiança, porque é parecida com o bicho humano[...]. "(Eduardo Galeano, O livro dos abraços.)
"Há exatos dez dias, essa palavra não me sai da minha cabeça.
Escolher o quê?
O mundo ultimamente se mostra tão pequeno e em alguns instantes, vivi o agosto sem gosto. Tudo muito rápido, devastador e sem nenhuma escolha.
Rezei para o barco fluir na bonança e para que a tempestade passasse logo.
Ainda chove, mas a brisa que ecoa me enche de fé e permite-me ver adiante.
Da escolha, só queria um detalhe, que as pessoas fossem mais puras, assim como o coração no peito. Se contrai e se expande, nessa proporção. De dentro pra fora."
Partiste meu coração em cacos espalhados nos ladrilhos desse chão.
Sambando fostes, deles desviando, junto à canção.
Poeticamente vi teu corpo e olhos de mim se distanciando
Mal sabia que, tão breve, já não mais degustaria teu sorriso me pintando.
O que mais me resta
senão pousar meus olhos carentes
a mesa em siesta.
Ensinas-me com quantos poemas se constrói a canoa do amor que me pedes
Conduzas-me nesse enredo e evolução de corações apaixonados sem peles
De nós só uma certeza me resta
Um amor solitário vivido em disritmia poética.
Ivan Cadima