No giz do gesto, o jeito pronto do piscar dos cílios, que o convite do silêncio exibe em cada olhar...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mudar é preciso


[...] Cada mudança, cada projeto novo causa espanto:meu coração está espantado.
É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue"
(Um sopro de vida)

Clarice Lispector

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal: Festa em nós.


Que o Natal seja uma festa dentro de nós, com direito
a sentimentos fresquinhos e emoções ventiladas.

"Que o Natal seja alegria transportada pro ano inteirinho.

Que o Natal não seja esquecido pelo que é.

Que o Natal nasça nos olhos de uma criança que ri.

Que o Natal tenha menos presentes e mais apertos de mãos.
Mais abraços sinceros que perus na mesa.

Que com o Natal nasça um novo eu e um novo você.

Que com o Natal as pessoas tenham mais vontade de permanecer,
estacionar de uma vez por todas na vida de alguém.

Que o Natal seja brindado com risos e crianças em volta da mesa.

Que o Natal seja o começo de uma coisa bonita, não o fim dela.

Que o Natal seja feito de encontros, mais que esperas.

Que o Natal inaugure primaveras interiores.

Que o Natal traga mais respeito e menos apego ao que não importa.

Que o Natal seja mais NÓS do que EU.

Que o Natal desperte os sonhos trancafiados no armário.

Que o Natal faça-nos abrir os olhos para as coisas mais simples.

Que o Natal faça-nos mais humanos, com todas as delicadezas.

Que o Natal delete o passado pra construir uma história nova por cima.

Que o Natal, como o ano inteirinho, tenha o cheiro e o colo de Deus.

Que o Natal seja dentro de nós!"

(Cris Carvalho)

domingo, 18 de dezembro de 2011

Quando você me viu...


Eu vi quando você me viu
Seus olhos pousaram nos meus
Num arrepio sutil
Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou pra dançar
Sem nunca sair do lugar
Sem botar os pés no chão
Sem música pra acompanhar

Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu

Eu vi quando você me viu
Seus olhos buscaram nos meus
O mesmo pecado febril
Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou todo o ar
Pra que eu pudesse respirar
Eu sei que ninguém percebeu
Foi só você e eu.

(Cláudio Lins)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Garantir reter guardar essa esperança."


"Que os sensíveis sejam também protegidos. Que sejam protegidos todos os que veem muito além das aparências. Todos os que ouvem bem pra lá de qualquer palavra. Todos os que bordam maciez no tecido áspero do cotidiano."

(Ana Jácomo)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Começar o começo


Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: - "pai, começa o começo!". O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.
Meu pai faleceu há muito tempo (e há anos, muitos, aliás) não sou mais criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, "começar o começo" de tantas cascas duras que encontro pelo caminho. Hoje, minhas "tangerinas" são outras. Preciso "descascar" as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.
Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis......
Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando lhe pedia para "começar o começo" era o que me dava a certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta. O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre e sempre está ao meu lado. Meu pai terreno me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.
Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus:
"Pai, começa o começo!"
Não sei que tipo de dificuldade eu e você estamos enfrentando ou encontraremos pela frente neste ano. Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno de Deus para pedir, sempre que for preciso: "Pai, começa o começo!".

(Autor Desconhecido)


domingo, 6 de novembro de 2011

Há muito o que fazer.

[...] E sonhos não envelhecem.

(Milton Nascimmento)

True.

— Só sei que nós nos amamos muito…
— Porque você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?
— Não, eu falei no passado! – Curioso né? É a mesma conjugação.
— Que língua doida! Quer dizer que NÓS estamos condenados a amar para sempre?
(…)
... — E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações…
— Pensar assim me assusta.
— Por que? Você acha isso ruim?
— É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais…
— Você usou o verbo ‘doer’ ou ‘doar’?
(Pausa)
— Pois é, também dá no mesmo…


(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Saudade


É impossível não sentir.
Ela faz chorar.
E também sorrir.
Ela não depende de tempo.
De idade.
Ela é uma viagem ao passado que desperta uma imensa vontade de viver o presente. Afinal, como será o futuro sem ela?
Ela se escreve apenas em português, mas se compreende em todo planeta.
Não escolhe cor, nem religião.
Ela só bate em quem tem coração. E por mais que se fale, ninguém, nunca, vai conseguir definir exatamente o que ela é.
Porque não se explica.
Saudade, se sente.”

(Agência Pandora)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Doce Novembro



Não lembrava...

[...]Mas lembrava com nitidez do que sentiu e contou que toda vez que lembrava instantaneamente sorria, como se vivesse de novo.

Ana Jácomo

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Identidade


"Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas as certezas.
Os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios, outra razão.
Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos.
A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia.
Nesta fé, fugitiva, eu creio.
Para mim, é a única fé digna de confiança, porque é parecida com o bicho humano[...]. "


(Eduardo Galeano, O livro dos abraços.)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Enxuga excessos.


"Quanto tempo demora? - perguntou ele.
- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."

(O Caçador de Pipas)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Escolhas...

"Há exatos dez dias, essa palavra não me sai da minha cabeça.

Escolher o quê?

O mundo ultimamente se mostra tão pequeno e em alguns instantes, vivi o agosto sem gosto. Tudo muito rápido, devastador e sem nenhuma escolha.

Rezei para o barco fluir na bonança e para que a tempestade passasse logo.

Ainda chove, mas a brisa que ecoa me enche de fé e permite-me ver adiante.

Da escolha, só queria um detalhe, que as pessoas fossem mais puras, assim como o coração no peito. Se contrai e se expande, nessa proporção. De dentro pra fora."


(Renata Novacosque)




"Esquece essa gente pequena, dona moça.
Não é todo mundo que guarda no peito, um baú feito o seu, cheio de inspiração, flores, cores e delicadezas.
Tem gente que transforma o que passou, em mágoa.
Feliz é você, dona moça, que pega o que restou do passado e transforma em poesia."


(Karla Tabalipa)

Disritmia Poética

Partiste meu coração em cacos espalhados nos ladrilhos desse chão.

Sambando fostes, deles desviando, junto à canção.

Poeticamente vi teu corpo e olhos de mim se distanciando

Mal sabia que, tão breve, já não mais degustaria teu sorriso me pintando.


O que mais me resta

senão pousar meus olhos carentes

a mesa em siesta.


Ensinas-me com quantos poemas se constrói a canoa do amor que me pedes

Conduzas-me nesse enredo e evolução de corações apaixonados sem peles


De nós só uma certeza me resta

Um amor solitário vivido em disritmia poética.



Ivan Cadima