
(Carlos Drummond de Andrade)
"Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas as certezas.
Os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios, outra razão.
Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos.
A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia.
Nesta fé, fugitiva, eu creio.
Para mim, é a única fé digna de confiança, porque é parecida com o bicho humano[...]. "(Eduardo Galeano, O livro dos abraços.)
"Há exatos dez dias, essa palavra não me sai da minha cabeça.
Escolher o quê?
O mundo ultimamente se mostra tão pequeno e em alguns instantes, vivi o agosto sem gosto. Tudo muito rápido, devastador e sem nenhuma escolha.
Rezei para o barco fluir na bonança e para que a tempestade passasse logo.
Ainda chove, mas a brisa que ecoa me enche de fé e permite-me ver adiante.
Da escolha, só queria um detalhe, que as pessoas fossem mais puras, assim como o coração no peito. Se contrai e se expande, nessa proporção. De dentro pra fora."
Partiste meu coração em cacos espalhados nos ladrilhos desse chão.
Sambando fostes, deles desviando, junto à canção.
Poeticamente vi teu corpo e olhos de mim se distanciando
Mal sabia que, tão breve, já não mais degustaria teu sorriso me pintando.
O que mais me resta
senão pousar meus olhos carentes
a mesa em siesta.
Ensinas-me com quantos poemas se constrói a canoa do amor que me pedes
Conduzas-me nesse enredo e evolução de corações apaixonados sem peles
De nós só uma certeza me resta
Um amor solitário vivido em disritmia poética.
Ivan Cadima